sexta-feira, 17 de abril de 2009

Orçamento Participativo

O OP (orçamento participativo) é um conselho organizado pelo município para que a população decida onde irá ser aplicado às verbas, no seu bairro. Em tese é assim que os defensores do OP o definem. A primeira vista, parece muito eficiente, pois, os próprios moradores decidirem o que fazer com os impostos é uma boa maneira de atender as reivindicações da comunidade, não é?

Alguns companheiros de esquerda acham que isso até parece com aquela idéia de “comunista”, de “soviet” e “poder operário”. E defendem o orçamento participativo como uma forma de chegarmos ao socialismo.

Mas há divergências. Em uma guerra devemos sempre ter cuidado para não cair nas armadilhas do inimigo. O orçamento participativo busca a conciliação de classe, busca excluir o antagonismo de interesses entre a burguesia e o proletariado e passar a idéia de que a população decidindo por tal coisa, está tendo o controle, o poder, quando na verdade ela apenas está sendo manipulada.

Um exemplo disso é o conselho do transporte que existia em Joinville. Desse conselho participavam todos os representantes de toda a sociedade civil e o que ele sempre fez... Foi dar o aumento da tarifa e favorecer as empresas; Outro exemplo pode ser o conselho da juventude, criado para desenvolver políticas da juventude, fez uma conferência com milhares por todo o país, mas para quê? Que política foi aplicada para a juventude? Nada, esse conselho serviu apenas como um meio de afirmar o que já vinha sendo feito. Que foi o que mesmo?

Outro exemplo, que podemos ter, que são bem eficientes para ilustrar a inutilidade desses conselhos para atender as reivindicações da classe trabalhadora, é as APPs e o conselho da saúde.

As associações de pais e professores (APP) servem apenas para cobrir os buracos do governo, para explorar ainda mais os trabalhadores, pois enquanto o governo gasta 53% de seu orçamento pagando a dívida pública tirando o dinheiro da educação, saúde, previdência, habitação o povo paga as “contribuições espontâneas”, nas escolas. Logo, o governo faz que a população pague duas vezes pela escola pública, com os impostos, que o governo desvia para a dívida e com a contribuição.

O conselho da saúde discute, discute e chegamos onde? O que o governo sempre acaba dizendo: não temos dinheiro. E a saúde permanece sempre um caos.

A luta da classe trabalhadora deve ser por meio da organização independente do estado burguês. Nosso objetivo como revolucionário que querem construir uma sociedade socialista é mostrar que o estado deve ser destruído, não reformado. Não queremos fortalecer sociedade civil nenhuma, a sociedade civil é a sociedade dividida em classes, a sociedade da exploração do homem pelo homem, a sociedade que favorece apenas os ricos.

O OP, não irá dar o poder à classe trabalhadora para que ela decida não mais pagar a dívida pública e fazer investimento em educação e saúde. OP irá decidir sobre o que sobrou para que a população brigue entre si - foi o que acabou acontecendo em porto alegre – se irá fazer uma escola ou um posto de saúde, asfalto ou saneamento etc., Ou seja, o OP serve apenas como um meio de frear a luta dos trabalhadores. Não a nada de socialismo no OP. Os conselhos na Rússia, em 1917, substituíram o estado burguês. No lugar do legislativo da justiça e do executivo temos um poder único, que legislava aplicava e fiscalizava. Nenhum parlamentar era eterno, se não se cumpre seu mandato era substituído e seu salário não era maior que o do operário mais qualificado. O estado era proprietário de todos os grandes meios de produção, que serviam ao povo.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Grêmios Livres pelo passe-livre e pelos direitos dos estudantes.



A educação publica passa por sérios problemas em quase todo o mundo. A falta de investimentos na educação por parte dos governos tem gerado escolas desestruturadas e professores mal remunerados, o ambiente escolar se tornou um lugar inapropriado para o estudo e em alguns casos os alunos têm dificuldades para chegar a escola. Esses problemas podem ser notados principalmente em países capitalistas e subdesenvolvidos como o Brasil, o descaso com a educação pública gera na maior parte desses países, graves problemas sociais.

No Brasil, o que parece ser o maior problema no momento é o transporte público, pois poucas cidades fornecem passe-livre aos estudantes, assim os filhos de trabalhadores, pessoas humildes que só sonham com um futuro melhor para os seus filhos são obrigados desembolsar uma grande parte do seu parco salário para pagar o lucro das empresas de ônibus. Nessas condições não estaria sendo negado aos estudantes mais pobres o livre acesso a educação?Para garantir que os estudantes tenham o livre acesso a educação primeiramente os alunos devem chegar ao colégio, sem passe livre como um filho de um trabalhador que mora distante da escola poderá estudar?Além do problema do transporte ainda há a má remuneração e más condições de trabalho a que os profissionais do ensino são submetidos, esses trabalhadores são obrigados a ceder a maior parte de seu tempo que poderia estar sendo dedicado ao lazer, ao descanso, e a claro, preparar as aulas, para dar aula em três turnos em ambientes sem qualquer estrutura para o estudo, e no final do mês não receberem se quer, o piso salarial estabelecido por lei.

A falta de estrutura no ensino público tem muitas causas, mas tem um principal culpado e esse é o interesse privado, pois o capitalismo é um sistema que preza o lucro, e a escola pública não gera lucro. Diante desses problemas os estudantes têm uma arma para lutar por uma escola pública de qualidade, pelos direitos dos estudantes e contra o capitalismo, essa arma são os grêmios estudantis livres!O grêmio estudantil é o sindicato dos estudantes, é a entidade que organiza os alunos na luta pelos seus direitos, só com grêmios livres é que os estudantes poderão reivindicar os seus direitos, só organizados numa entidade combativa e de oposição ao sistema capitalista é que poderão lutar.

Os grêmios estudantis da E. E. B. Presidente Médici e de outras escolas de Joinville, SC com militantes da Juventude Revolução se tornaram verdadeiros grêmios de luta, pois são grêmios de oposição ao capitalismo, grêmios que lutam pelo passe – livre,pela escola pública de qualidade,pelo fim do vestibular e vagas para todos nas universidades públicas,grêmios de luta e socialista!

Nos países capitalistas, provavelmente as escolas não alcançaram um padrão de qualidade para todos, pois enquanto houver o interesse privado, a classe trabalhadora sofrera as conseqüências de um sistema econômico falido. Organizar-se é a melhor forma de vencer esse sistema e lutar pelos nossos direitos, os estudantes tem de se organizar e lutar, se não, tudo continuara a ser o mesmo, e para os trabalhadores só restara o nada e a miséria.

Iago S. S. Paqui.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A Ideologia e os Super Heróis





“As idéias da classe dominante são, em todas as épocas, as idéias dominantes.”- Marx e Engels, A ideologia alemã.


A ideologia

Vivemos hoje um período de crise, no qual, o capitalismo se encontra dia após dia em beco cada vez mais sem saída. O desemprego, a falência de fábricas e bancos e a miséria crescente da classe trabalhadora, fazem a massa de trabalhadores questionarem cada vez mais esse sistema, suas leis, seu estado e sua lógica. As ocupações de fábricas na Indonésia, Ucrânia, Irlanda, Escócia e até mesmo nos estados unidos, em Chicago e as greves na Inglaterra, França, Grécia e Itália demonstram a insatisfação da classe trabalhadora e sua disposição a luta.

Diante disso, a burguesia (a classe dominante, as elites de nossa época, os grandes empresários e latifundiários) usa de todos os artifícios para enganar os trabalhadores. Tenta de toda a maneira impedir os trabalhadores de tomar consciência, de que o atual sistema favorece apenas a burguesia que explora os trabalhadores, que seu estado e suas leis servem como instrumento de dominação e opressão e que sua lógica é lucrar! Lucrar! E que farão de tudo para conseguir isso, desde por fim aos direitos dos trabalhadores até destruir um país inteiro!

A mídia tem um papel fundamental nisso, fazendo os trabalhadores acreditar que a crise é de responsabilidade de todos e que todos devem se mobilizar para impedir o pior, isentando assim à responsabilidade da burguesia e enganando os proletários (a classe dos trabalhadores, que não possuindo nada além de sua força de trabalho, são obrigados a trabalhar para a burguesia).

Como Marx e Engels, haviam afirmado: “As idéias da classe dominante são, em todas as épocas, as idéias dominantes.”- em nossa época as idéias dominantes expressão as idéias da burguesia. Ela através do cinema, do teatro, dos jornais, da TV e até as histórias em quadrinhos, ou os próprios desenhos animados impõe sua ideologia, mostrando que não existe luta entre proletários e a burguesia. Ela faz de suas leis e seu estado um ideal que está acima de qualquer princípio. A defesa da propriedade privada dos meios de produção (empresas e terras) é um mandamento que jamais pode ser violado.

Se prestarmos bem atenção, quando assistimos o jornal e a mídia vai tratar de uma manifestação de estudantes pelo passe-livre, por exemplo, como uma baderna, ela nem ao menos da o contexto do por que os estudantes fazem o ato. Ela não explica que o passe-livre irá conceder o direito a milhares de estudantes de chegar à escola, que a educação é um direito, que deveria ser de acesso de todos, mas devido ao nosso sistema capitalista, que priorizar dinheiro para os banqueiros ao invés da educação, esse direito não é exercido. Tudo que a mídia faz, é mostrar que os estudantes são baderneiros que destroem o bem público, ou seja, fazem de tudo para descaracterizar a manifestação, pois ela vai contra os interesses de quem financia o jornal.


Desculpe-me pela longa explicação, mas acho isso extremamente necessário para a discussão a seguir. Foi necessário introduzir algumas idéias do pensamento marxista, para que assim possamos ter maior entendimento sobre o que irei analisar.

Milagre, a natureza Humana e os fins justificam os meios.

Em Watchmen temos super- heróis em crise e um mundo em plena a guerra fria. O bloco da burocracia soviética contra o bloco capitalista. A guerra do Vietnã vencida e o presidente Nixon eleito por mais duas vezes. A realidade paralela de Alan Moore tem intrínseco em sua história à ideologia dominante. Não só em Alan Moore isso acontece, mas em grande parte dos quadrinhos.

Se observarmos o Capitão América, será seu nome e sua roupa uma mera coincidência? O Super homem, que defende os ideais de justiça e liberdade, será coincidência que esses ideais sejam os mesmo que a burguesia clama a todo o momento? E o X MEN, que no último filme mostra o fera, personagem que faz a mediação entre o governo e mutantes terminar como secretário da ONU, será isso uma mera coincidência? Afinal, a secretaria de um órgão tão importante fique nas mãos, do que no filme, é um representante de uma minoria, não será isso semelhante ao que fazem com os negros? Não o é semelhantes às cotas? Você colocar um negro para tentar fazer com que estes integrem ao sistema, os tendo sobre controle e impedindo que se coloquem contra o sistema, onde está a origem de sua exclusão?

E o Batman, que combate o crime o para sensibilizar os ricos de Ghotam para que eles se mobilizem contra as desigualdades. Será que as causas dessas desigualdades não estariam ligadas ao sistema capitalista que explora e oprime os trabalhadores, o que os leva a roubar, matar e assassinar e será que um meio de acabar com isso não seria por fim a esse sistema... Mas aí tem problema! O Batman e os heróis defendem o sistema capitalista, seu estado e suas leis e não vão à raiz dos problemas da sociedade.


A liga da Justiça da América (super meio de repressão).

Quando, em Watchmen, vi um dos heróis falar que não se pode lutar contra a natureza humana... Pensei que natureza é essa? Afinal o homem nasce corrompido? Ele nasce com tendência ao crime?
Outra questão, que me chamou a atenção foi que diante do fim do mundo, em uma terceira guerra, Dr. Manhattan convencido do milagre da vida retorna a terra para ajudar; e a terceira coisa, que me chamou atenção foi à idéia de que os fins justificam os meios, será isso certo? Será isso justo, dentro da moral da burguesia?

Bom, primeiro Watchmen quebra qualquer padrão de super herói. Ele mostra de outra forma o que seriam os super- heróis em nossa realidade, que em minha opinião seriam um super meio de opressão, afinal todos defendem a ordem.

Quanto ao homem ser corrompido em sua essência. È isso que a burguesia quer nos convencer, afinal o estado é um instrumento usado para dominar e oprimir, ele é composto de uma burocracia e de um corpo de homens armados. Sendo a sociedade capitalista, uma sociedade de classes, o estado sempre fica do lado da classe que detêm maior poder econômico. É só notarmos a quantidade de políticos da burguesia e empresários presos, ou como se mobiliza a polícia para repressão de uma manifestação e como não fazem o mesmo para prender os ricos e poderosos; Ou as leis, por mais que a classe trabalhadora consiga ter um representante no parlamento ou no estado, a constituição do estado é burguesa, ou seja, segue a defesa da propriedade privada dos meios de produção e a burguesia apesar de ceder algumas vezes, em grande parte ela aprova leis que beneficiam mais a burguesia e não os trabalhadores.

O milagre, sim a burguesia atéia ou agnóstica que fez a revolução francesa hoje se rende ao dogma e ao misticismo. Diante do precipício que se encontra ela não pensa apenas reza esperando um milagre. O que demonstra no filme é que devemos sempre esperar por milagres e que eles existem. Que quando mais nada adiantar deus irá nos ajudar.
Nada mais absurdo, pois isso é a capitulação total da razão. A burguesia nos levando ao caos de uma crise, busca no céu a saída! Afinal é pecado pensarmos em uma socialização dos meios de produção, ou em um estado operário. Essas saídas são utópicas. Utópico é deixar o destino da humanidade nas mãos de amigos imaginários!

Os fins justificam os meios, sim para a burguesia isso é bem fácil de compreender: “Todos os meios, não importa o quanto imoral seja, justifica os fins dos lucros!” Se tiver que desempregar milhões, destruir todos os direitos, matar milhões e destruir um país inteiro, a burguesia o fará. No fim do filme, se usa de um desses meios para manter a ordem, se impede uma guerra, mas se mantêm a ordem do capitalismo.


Nossos fins justificam nossos meios

Os Fins de uma sociedade socialista, na qual a lógica não seja o lucro mais o bem estar e o desenvolvimento humano justificam os meios de uma revolução. A classe burguesa usa da mídia, do exército e tudo que poder para manter a sociedade da exploração do homem pelo homem. Os marxistas são favoráveis a uma revolução sem violência, mas sabemos que a burguesia, como já tem demonstrado, não vai se render sem lutar. (trataremos sobre esse tema em outro texto).
Não estou acusando os autores de quadrinhos de agentes da burguesia, Alan Moore, por exemplo, era um niilista como demonstra em V de vingança. O que estou dizendo é que os autores de quadrinhos estão tão influenciados pela ideologia burguesa como qualquer trabalhador ou político.
O filme não da qualquer perspectiva de mudança tudo que ele mostra é o caos. Talvez esse seja o sentimento da burguesia atualmente. A crise fará que vários heróis voltem às telas, assim como surgiram na década de 40 e 50, eles voltaram às telas para afirmar o capitalismo.
Como militante marxista, fica aqui minha análise do filme.